segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Dead Space Review


Para começar não sou um tipo que goste de filmes de terror nem de nada que me cause desconforto, quando dá um filme de terror normalmente mudo de canal, não é que não aguente ver um filme de terror, mas na verdade é um género que não me chame muito a atenção... Ou por outra, até chama. Porque razão há pessoas que gostam de ver filmes que lhe transmitam sensações de desconforto? Será que é uma forma de nos pormos à prova? Isto dava aqui pano para mangas numa discussão sobre psicanálise humana, mas é um pouco curiosa esta faceta que nós temos. Tal como nos filmes, também tenho sempre evitado jogos de terror... É que os jogos hoje em dia são mil vezes mais aterrorizantes do que qualquer filme, com os gráficos da nova geração e coisas como sistemas de som 5.1, fazem com que estejamos mais imersos do que nunca e assim sentimos mais na pele as sensações desconfortantes que ele nos transmite. No entanto apesar disto tudo, acabei por querer embarcar numa aventura de terror, sim até eu cai na coisa de me querer por à prova ou de simplesmente ter curiosidade sobre uma experiência de terror vídeo jogável. Daí que escolhi o Dead Space, um IP novo da Electronic Arts que tem tido uma aceitação pelo público e pela crítica bastante boa.


Sei que os mais entendidos sobre jogos deste género dizem que Dead Space não é assim tão aterrorizante quanto isso, existem coisas bem mais aterrorizantes como a série Silent Hill e Siren. Sinceramente não vos posso dizer se é mais ou menos aterrorizante, como já disse sou novo nestas andanças, só sei dizer que Dead Space foi das experiências mais incríveis que tive nos últimos tempos, e foi perturbador quanto baste para me fazer saltar do sofá umas quantas vezes e estar sempre de coração na mão nos vários corredores e salas da Ishimura.

A primeira coisa que notam quando embarcam nesta aventura são os gráficos absolutamente incríveis que este jogo tem, a primeira cena de aproximação à Ishimura (uma nave mineira) é linda de morrer. Depois quando chegamos á nave encontramos salas e corredores com muitos detalhes, corpos mutilados e muito sangue para nos deixar completamente perturbados. Efeitos de luz 5 estrelas, gráficos bastante consistentes com muitos efeitos bem concretizados e acima de tudo uma experiência que não sofre de slowdowns ou qualquer problema técnico que seja relevante para apontar aqui. O ambiente deste jogo é muito importante para jogador e para que o jogador possa ver em sua volta toda a desulação desesperante que assombrou a nave Ishimura não temos HUD, todos os indicadores de vida, munição, truques especiais e até mesmo menus com o nosso inventário, mapas e objectivos está tudo inbutido no jogo, o que dá um ar muito mais realista à coisa e faz com que o jogador tenha todo o ecrã livre de indicadores para poder desfrutar da experiência a 100% e não perder nenhum detalhe. Sem dúvida que a Electronic Arts teve muita atenção neste departamento e os resultados são muito bons.


Também o som teve um tratamento VIP neste jogo, aliás uma das componentes mais importantes de todos os jogos de terror sempre foi a Banda Sonora e os barulhos que nos arrepiam a pele e metem os nossos sensores em alerta vermelho. Dead Space conta com uma Banda Sonora muito boa que ao longo da nossa progressão no jogo vai aumentando de ritmo ou diminuíndo para criar alguma ansiedade extra ao jogador, muitas das vezes a música até nos prega partidas pois começa a aumentar de volume e depois no final era apenas uma sala vazia, no entanto naqueles 5 segundos que não sabemos o que está na sala a música leva-nos a sentir muita ansiedade. Depois claro quando realmente existem algumas ameaças na sala a música toma um ritmo mais mexido que inconte-nos um sentido de urgência e de perigo para eliminar todas as ameaças. No final destes momentos a música desaparece ou volta a um ritmo mais calmo. Ishimura também tem os seus sons assustadores para deixar o jogador sempre com uma sensação de desconforto mesmo quando está sozinho numa sala. É o som de monstros a andar pelas condutas de ar, de matéria orgãnica a mexer-se e a controcer-se, passageiros sobreviventes a agonizar de dor, sons metálicos, etc. Existe também diferenciação sonora quando vamos para espaço, aí não se ouve quase nada, é parecido com o que ouvimos quando estamos completamente submersos na nossa banheira. Para finalizar quem tiver um bom sistema de sorround 5.1 vai aproveitar muito melhor este jogo a nível de som, levando a níveis de imersão não recomendáveis para o ser humano.


Em termos de jogabilidade é um jogo que aproveita algumas mecãnicas de jogo que já estão mais que testadas e aprovadas pelos jogadores, o que foi alvo de algumas críticas. No entanto, hoje em dia qual é o jogo que não rouba ideias de outros jogos que por aí andam? Quando eu li outras reviews deste jogo fiquei com a sensação de que a maioria dos jornalistas ficou sem grandes argumentos para mandar abaixo este título então disseram que Dead Space é um misto de Resident Evil 4 devido à cãmara, de Doom 3 devido ao jogo ser passado no espaço e de Half-Life 2 devido ao protagonista do jogo passar o tempo todo calado. Até pode ser que sim, mas o que interessa é que isto é uma forma nova de por à prova estas mecãnicas e para além disso existem algumas inovações também muito bem executadas. Não é repetitivo de maneira nenhuma para quem jogou RE4, Doom 3 e HL2. O que interessa mesmo saber aqui é se o jogo joga-se bem. A resposta é SIM! Muito bem mesmo. É raro encontrar um jogo hoje em dia com um controlo tão sólido e sem gralhas como Dead Space. O controlo do personagem está muito bem feito, os controlos são fáceis de aprender, o sistema de upgrades é excelente, o sistema de inventário idem aspas. O que este jogo trás de novo também está excelente. O controlo do personagem em ambientes de gravidade zero está muito bem feito e a forma de abate dos inimigos que recompensa a quem andar a retalhar os inimigos às postas matando-os mais depressa, é bastante divertido.
E já agora um head's up para os que gostam de loot, Dead Space está cheio de cantos e recantos onde existem salas cheias de coisas boas para depois vender ou utilizar.


O jogo contem uma história boa o suficiente para nos surpreender até ao final, o jogador ao longo da aventura vai recolhendo pedaços de vídeos, audio e texto que vão contando o que realmente aconteceu à Ishimura e o porquê daquela cidade espacial estar completamente desolada. Talvez o único aspecto que faz com que o jogo não tenha tanto brilho é o da personagem principal não falar e de ser um pau mandado o tempo todo. Passamos grande parte do jogo a fazer reparações à Ishimura e sempre que existe algum acontecimento mais grave ou estranho nunca existe feedback da parte do nosso herói. O que é pena. Quanto à longevidade é um jogo que se passa bem em 12 horas, no final da vossa primeira viagem ainda vão ter acesso a novos items e um novo nível de dificuldade.

Dead Space foi uma viagem incrível sem dúvida alguma. Foi o meu baptismo nos jogos de Survival Horror e acho que não podia ter escolhido melhor jogo para me iniciar. É um jogo super bem executado a todos os níveis, talvez o elo mais fraco seja mesmo a falta de voz e de sentimentos do personagem principal. É sem dúvida um dos melhores jogos que por aí andam e faz um belo presente para o vosso Natal.

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